sábado, 19 de maio de 2007

Música de Graça

Hoje eu estava mais uma vez conversando com meus amigos sobre a reprodução de músicas e pirataria. Nesta conversa todos nós concordamos que a pirataria é crime e quem a pratica está indo contra a lei. Entretanto, ficamos na dúvida sobre o que é realmente a pirataria, se é o indivíduo que reproduz o cd de um amigo em casa para consumo próprio, o que cria um site P2P para distribuição em uma determinada comunidade ou o que grava cds em série e re-vende nas ruas e em camelôs.

Porém, para determinar mesmo o que é certo ou errado, o que faz sentido ou não, devemos ter um pensamento um pouco mais amplo do que somente a avaliação de leis estabelecidas no passado por nós mesmos.

Independente do tempo em que vivemos, a música sempre foi e continua sendo a arte que encanta as pessoas e influencia em diversos aspectos de suas vidas. Porém, a mídia que armazena e transporta o resultado artístico dos músicos vem sofrendo diversas mudanças, tanto que hoje em dia não existe mais diferença facilmente perceptível entre um cd original comprado na loja e uma reprodução caseira.

Durante muito tempo estive muito próximo do dia a dia de uma gravadora de música. Sempre vi o desespero dos executivos deste segmento, tanto no mercado brasileiro quanto mundial. Uma grande e desesperada tentativa de barrar os seus “contraventores”, principalmente os propagadores de música dos sites P2P, como o do precursor Napster.

Esta atitude das gravadoras é evidentemente inútil. A revolução da informação, tão anunciada por Alvin Tofler no livro "A Terceira Onda", já chegou e os seus resultados são claros e inevitáveis. Não há como ir contra isso. É uma imensa e poderosa mudança de paradigma, inclusive no mercado fonográfico.

Há uns quatro anos atrás eu achava que esta revolução iria diminuir o preço das músicas, que seus preços iriam ficar muito baixos e acessíveis para todos. Desde aquela época já entendia que as gravadoras não vendem cds, e sim músicas. Desde então, defendia que as gravadoras são a plataforma de lançamentos dos músicos e não somente as produtoras de seus cds e que por isso, deveriam ter participações também nas demais fontes de renda dos artistas.

Antes dessa revolução os artistas faziam show para divulgar seus LPs e ganhar dinheiro com sua venda. Quanto mais discos vendidos, maior o prestígio e o lucro destes artistas.

Parece um contra-senso. Todos os artistas anônimos fazem de tudo pra que as pessoas ouçam sua música. Contraditoriamente, depois de alcançar a tão almejada fama, cobram fortunas para que estas mesmas pessoas comprem seus cds.

Com esta conversa de hoje a minha “ficha” caiu e todas as peças do quebra-cabeça se uniram.

A verdade é que hoje os shows não são mais para vender os discos. O contrário é que é praticado. O cd, mp3, dvd ou qualquer outra forma de reprodução e armazenamento da arte realizada pelo músico é que se transformou na grande plataforma de divulgação das outras fontes de renda dos artistas. Agora estes artistas deverão ganhar dinheiro com seus shows ao vivo, além de muitas outras formas de comercialização de sua arte, como venda direitos de utilização de suas músicas e imagens em projetos comerciais diversos, como campanhas publicitárias, eventos, filmes etc. Um grande exemplo disso é o programa “Família Osborne”, com o músico Ozzy Osborne, na Mtv.

O futuro da reprodução e distribuição da música é ser DE GRAÇA. Isso mesmo, DE GRAÇA. Todos poderão ter e escutar as músicas que quiser, sem pagar um centavo sequer pelos seus direitos autorais. Este caminho é inevitável e quem entender isso primeiro vai poder repensar a sua atuação e sair na frente dos outros.

Noutro dia vi que o mercado já começa a compreender esta mudança. A gravadora Warner Music assinou um contrato com o músico Gustavo Lins, onde terá participação sobre o faturamento dos seus shows. O mesmo acontece com a nova gravadora do cantor Netinho, a Da Massa.

Tenho certeza que esta mudança trará uma grande democratização da arte e não deixará seus criadores menos ricos (se deixar, também não será o fim receber 10 ao invés de 20 milhões).A realidade é que isso dará a chance a muitos de alcançarem seu lugar ao sol sem a necessidade de ficar debaixo do guarda-chuva das gravadoras, que nem sempre assinam contratos satisfatórios para ambas as partes, como vemos divulgado hoje na imprensa.

Um comentário:

Hélcio Brasileiro disse...

fala paulinho.
dá uma olhada nesse blog que eu faço. o ost tem a ver com teu tema. fala de um cearense que criou mais um compartilhador de música bem legal.
http://www.fundamentalconteudo.com/?p=66
abs